terça-feira, 15 de dezembro de 2009
As Diferentes Análises do Discurso
segunda-feira, 14 de dezembro de 2009
Análise do Discurso: contexto histórico
- considerava que a lg era totalmente transparente e livre de mal entendidos (lggs) entre os sujeitos falantes;
- o incosciente seria ahistórico, não sendo determinado pela ideologia;
- considerava o que Saussure excluiu (explicado nos últimos posts).
- grandes contruções;
- tateamentos;
- desconstruções.
O Materialismo Histórico na língua: A análise do Discurso de orientação francesa
- na linha de Pêcheux
- na linha de Foucalt
- na linha de Baktin
- na linha de Norman Fairdough
quinta-feira, 10 de dezembro de 2009
Materialismo Histórico Dialético
Gerativismo - Competência e Desempenho
Gerativismo - Problemáticas e Aquisião e aprendizagem da lggm
- PROBLEMA DE PLATÃO: é justamente o problema dos estímulos externos serem pobres [argumentados no último post]. Assim poder-se-ia aprender muito com muito pouco;
- PROBLEMA DE ORWEL: é o contrário do problema de Platão. Um sujeito submetido a um número infinito de informações acabaria selecionando somente alguns destes estímulos/informações. Este problema remete pensar, também, como NÃO assimilar passivamente os conteúdos, ou seja, que escolhas faremos para ficar de um lado ou do outro de um dado assunto, p.ex.
- DOS BALBUCIOS - logo aos primeiros meses de vida a criança produz e fixa sons que são falados ao redor dela (em +/- 6 meses);
- SINTAXE - fase de produção de palavras isoladas, mas que tem valor de frase. Por exemplo 'MAMÃE'. Período que também é conhecido por período HOLOFRÁGIO.
- APLICAÇÃO DE REGRAS - aos 18 meses a criança começa a adquirir a lggm e a aplicar poucas regras do sistema lgg que está inserida, produzindo infinitas sentenças.
Gerativismo - Conceitos Fundamentais
terça-feira, 17 de novembro de 2009
Introdução À Linguística II
Apresentação elaborada em grupo, a pedido do Porfessor Dr. Roberto Leiser Baronas, que oferece a disciplina "Epistemologia Linguística", na Universidade Federal de São Carlos - UFSCar.
Caso a visualização não seja possível, você também poderá utilizar o código HTML que disponibilizo para a visualização da apresentação. O código segue abaixo:
Resenha do artigo: “Introdução À Linguística”, de José Luiz Fiorin
1. INTRODUÇÃO
Saber como os itens lexicais de uma língua se estruturam em uma sentença é a parte central da competência linguística dos seres humanos, tal como é entendida pela Gramática Gerativa. O falante de qualquer língua natural tem um conhecimento inato sobre como os itens lexicais de sua língua se organizam para formar expressões mais e mais complexas, até chegar ao nível da sentença, agrupando itens lexicais de acordo com algumas propriedades gramaticais que eles compartilham. Essas propriedades nos levam a distinguir um grupo por oposição a outro.
Nossa competência linguística também nos ajuda a perceber que as sentenças de nossa língua não são o resultado da mera ordenação de itens lexicais em uma sequência linear.
Sabemos, portanto, que a estrutura da sentença não é linear, mas sim hierárquica.
Essa nossa competência também nos indica que uma sentença se constitui de dois tipos de itens lexicais: de um lado, estão aqueles que fazem um tipo particular de exigência e determinam os elementos que pode satisfazê-las; e. do outro, estão os itens lexicais que satisfazem as exigências impostas pelos primeiros.
2. CATEGORIAS GRAMATICAIS
Podemos dizer que o falante reconhece que o item lexical “plongar” pertence à mesma categoria do item lexical “cantar” porque ambos possuem a propriedade de assumir formas variadas dependendo dos traços morfológicos de seus sujeitos, que, de maneira geral, são os elementos que antecedem os verbos.
Essas marcas também variam dependendo de a situação descrita pela sentença ter ocorrido em um tempo anterior ao momento da fala, ou de estar ocorrendo simultaneamente a uma outra situação. Ainda, as marcas variam dependendo de o evento ser episódico, ou de ter uma duração no tempo.
Portanto, essas marcas morfológicas permitem que distingamos a categoria gramatical dos verbos das demais categorias de palavra. As propriedades morfológicas, distribucionais e semânticas próprias de cada um dos itens lexicais de uma língua nos permitem agrupá-los em categorias que passam a ser definidas exatamente pelo fato de que os itens que as integram compartilham tais propriedades gramaticais.
No entanto, essa completude é apenas aparente. Quem já se submeteu à tarefa de analisar a língua viva, defrontou-se com problemas, uma vez que, nesses livros, só vemos tratados os casos prototípicos. É por isso que, no nosso entender, devemos não memorizar, mas iniciar-nos no trabalho de observação de agrupamentos que serviram de base para o estabelecimento das categorias gramaticais.
Por exemplo:
(1) O João é um menino murge, mas não feliz.
(2) O está mais murge do que qualquer pessoa que eu conheça.
Quando exposto à sentença acima, qualquer falante do português dirá que, apesar de não saber o significado do item “murge”, ele parece ser do mesmo tipo que “triste”, por exemplo. Para o falante iniciado nos estudos gramaticais, isso equivale a dizer que o item murge pertence à categoria gramatical dos adjetivos. Essa conclusão baseada basicamente na análise de propriedades morfológicas é corroborada pela análise da distribuição de murge das sentenças. Em (1) murge combina-se com o substantivo menino, que, subsequentemente, combina-se com o determinante um para formar o constituinte um menino murte. Portanto, murge é parte integrante do constituinte nucleado por menino. Já em (2), ele é um constituinte independente do item ao qual atribui uma propriedade. A utilização de itens lexicais que tem a propriedade de substituir constituintes, que aqui chamamos de PROFORMAS, pode funcionar como evidência de que murge tanto pode integrar um constituinte nucleado por um substantivo quanto pode formar um constituinte independente.
3. ESTRUTURA DE CONSTITUINTES
Em sua superfície, as sentenças das línguas naturais são formadas por uma seqüência linear de itens lexicais. Mas essa seqüência não é aleatória. Assim, sabemos que uma sentença como (2) é bem formada em português, e que uma sentença como (3) não é possível e nossa língua.
(2) O menino comprou uma bicicleta nova com a mesada.
(3) *A comprou uma menino nova o com bicicleta mesada.
Esse conhecimento é parte de nossa competência lingüística, sem jamais ter sido formalmente ensinados a reconhecer estruturas possíveis ou impossíveis em nossa língua, temos uma intuição a respeito de como as seqüências de elementos lingüísticos devem se estruturar sucessivamente, de modo a formar unidades mais e mais complexas, até chegarmos à formação de uma sentença. Essas unidades são chamadas de constituintes sintáticos e são os átomos com que a sintaxe opera.
Saindo de organizações simples, pode-se ajuntar com outras estruturas simples e formar estruturas complexas. Essa organização, que parte de itens lexicais e os inclui em grupos maiores hierarquicamente superiores, é chamada de estrutura de constituintes. A estrutura de constituintes da sentença (2) pode ser representada pelo seguinte diagrama:
O MENINO COMPOU UMA BICICLETA NOVA COM A MESADA.
O menino comprou uma bicicleta nova com a mesada.
O menino comprou uma bicicleta nova com a mesada.
O menino comprou uma bicicleta nova com a mesada
Uma bicicleta nova com a mesada.
Bicicleta nova a mesada.
É a impossibilidade de atribuirmos uma estrutura de constituintes ao exemplo (3) que o torna agramatical.
3.1. EVIDÊNCIAS PARA A ESTRUTURA DE CONSTITUINTES
Tomemos como exemplo a seguinte sentença:
(4) O João vai comprar o último livro do Chomsky na Borders’ amanhã.
Para obtermos certos efeitos discursivos, os vários constituintes dessa sentença podem ser colocados em posição inicial. Esse tipo de descolamento pode ser chamado de TOPICALIZAÇÃO:
(4.a) Amanhã, o João vai comprar o último livro do Chomsky na Borders’.
Ainda, podemos deslocar os constituintes da sentença para realizar ma operação que é chamada de CLIVAGEM. Nessa operação, constituintes da sentença são não só movidos para uma posição frontal, mas também são “ensanduichados” entre o verbo SER e o conectivo QUE. Esse deslocamento serve para construirmos sentenças de foco, p.ex.:
(4.b) É o João que vai comprar o último livro do Chomsky na Borders’ amanhã.
Uma outra possibilidade de deslocamento que evidencia a estrutura de constituintes de uma sentença construída com um verbo transitivo direto é a PASSIVAÇÃO. De uma sentença como (4), podemos construir uma sentença como (4.c):
(4.c) O último livro de Chomsky vai ser comprado pelo João amanhã na Borders’.
Esses tipos de deslocamentos evidenciam que certos tipos de deslocamentos são incabíveis na língua, assim como:
(5) *[Último], o João vai comprar o livro do Chomsky amanhã na Borders’.
Uma outra evidência de natureza distribucional para a estrutura de constituintes de uma sentença é o que tem sido chamado de FRAGMENTOS DE SENTENÇAS. Considere-se o seguinte diálogo:
(6) A: Aonde o João foi?
B: Ao cinema.
Ao invés de dar a resposta completa à pergunta de A, B prefere usar uma forma curta, ou seja, um fragmento de sentença. Só constituintes podem servir como fragmentos de sentença em respostas.
É importante sempre se ter em mente que nem todos os constituintes são evidenciados pelas mesmas construções. Assim, como no exemplo, não conseguiu-se isolar o verbo “ir” do modo tradicional, ou pelo método das estruturas constituintes.
Uma outra evidência sintática que comprova a estrutura de constituintes e que já não diz mais respeito à sua distribuição na sentença é a PRONOMINALIZAÇÃO. As línguas naturais utilizam-se de proformas para retomar a referência de entidades e eventos já mencionados na sentença ou no discurso. As proformas, no entanto, só substituem constituintes sintáticos. Portanto, toda vez que pudermos substituir uma seqüência de palavras por uma proforma, vamos estar diante de um constituinte sintático. P.ex.:
(7) O João vai comprar o último livro do Chomsky na Borders’ amanhã.
(7.a) Ele vai comprar o último livro do Chomsky na Borders’ amanhã (João).
Um outro recurso que temos para evidenciar constituintes cujo núcleo é o verbo é o que envolve um fenômeno lingüístico conhecido como ELIPSE. Respeitando certas condições discursivas, algumas partes da sentença podem ser elididas, como no seguinte diálogo:
(8) A: A criança não vai parar de gritar?
B: Eu acho que ela vai [parar de gritar], mas só se você parar de dar bola para ela.
Essas possibilidades (assim como a elipse traz informações adverbiais – de tempo ou lugar, p.ex.- ou omiti-los) evidenciam que aquilo que a gramática tradicional chama predicado tem uma estrutura bastante complexa, sendo formado por vários constituintes hierarquicamente relacionados.
3.2 AMBIGUIDADES ESTRUTURAIS
Tomemos a seguinte sentença:
(9) O Pedro viu a menina com o binóculo.
Essa sentença tem duas possíveis interpretações. Pela primeira, entende-se que o Pedro viu a menina através do binóculo que ele trazia com ele. Pela segunda, entende-se que a menina que o Pedro viu usava ou carregava um binóculo.
Muitos poderiam argumentar que essa ambigüidade só existe porque a sentença está fora de contexto. Em contextos apropriados, ela deixaria de ser ambígua: um contexto específico nos levaria a uma interpretação e não a outra. Isso não deixa de ser verdade. Entretanto, a sintaxe tem como um de seus objetivos o tipo de sentença, independentemente do contexto particular em que ela foi enunciada. O que a sintaxe vai fazer é investigar a possibilidade de a ambigüidade de uma sentença como (9) estar associada a diferentes estruturas.
Para realizar a desambiguação, podemos utilizar os métodos expostos anteriormente de deslocamento ou movimentação dos constituintes.
POR MOVIMENTO DOS CONSTITUINTES:
· [Com o binóculo], o Pedro viu a menina.
Foi [com o binóculo] que o Pedro viu a menina.
· [A menina com o binóculo], o Pedro a viu.
Foi [a menina com o binóculo] que o Pedro viu.
POR PASSIVAÇÃO
· [A menina] foi vista pelo Pedro [ com o binóculo].
[A menina com o binóculo] foi vista pelo Pedro.
Eis aqui uma evidência de que a ambigüidade da sentença (9) é de natureza sintática: uma única ordenação linear esconde duas estruturas hierárquicas distintas.
Passemos, agora, à análise de uma outra sentença ambígua:
(10) Os meninos comeram as maçãs verdes.
A primeira interpretação que se pode fazer dessas sentenças é a de que, considerando-se que existam, no cenário, maçãs vermelhas e maçãs verdes, os meninos comeram as maçãs verdes. A segunda leitura possível é a de que os meninos comeram as maçãs antes de elas amadurecerem, quando elas ainda estavam verdes.
Neste caso, uma outra possibilidade de explicação para a ambigüidade poderia ser levantada. Talvez se ela se deva à possibilidade de que, em nosso léxico, existam duas palavras verde, que tem o mesmo som e grafia, mas sentidos diferentes: um deles corresponderia à cor verde e o outro seja equivalente a não-maduro(a). Entretanto, podemos argumentar contra essa explicação, mostrando que casos de ambigüidade semelhantes acontecem em sentenças construídas com palavras que não apresentam a mesma duplicidade de sentido que verde.
(11) Os meninos comeram as cenouras cruas.
Mas num caso como (11) a palavra “crua” possui o mesmo sentido, desta forma evidencia-se no âmbito da sintaxe, que para que haja a desambiguação pode-se usar os movimentos de constituintes ou a passivação, desta forma, obtendo-se somente um sentido.
4. PREDICADOS E ARGUMENTOS.
A idéia que usamos as línguas naturais para a expressão do pensamento, ou seja, a idéia de que as línguas naturais se relacionam a representações mentais não é nova. É com base nessa idéia que vamos desenvolver essa seção sobre predicados e argumentos.
Imaginemos uma fotografia em que aparecem uma criança e um gato. A fotografia foi tirada em u lugar qualquer, uma saleta, por exemplo, em que havia além da criança e do gato, uma poltrona vermelha, uma mesa, um cesto de palha pendurado na parede atrás da poltrona. Perto da criança e do gato havia muitos pedaços de fios de lá arrebentados.
Ao comentar uma fotografia como essa, podemos descrever várias situações diferentes, dependendo do que se mostrar mais relevante para nós. E cada pessoa que se proponha comentar a mesma fotografia poderá descrevê-la de modo diferente, realçando uma determinada situação e minimizando a importância de outra.
Podemos então, caracterizar os argumentos de um predicado como os elementos que são capazes de satisfazer suas exigências e que desempenham papéis específicos determinados por ele.
Os verbos são considerados os predicados por excelência, mas todas as outras categorias lexicais também podem funcionar como tal. É o caso das preposições, dos nomes e dos adjetivos.
Consideremos as seguintes sentenças, sendo possíveis descrições da fotografia:
(12) Esse gato é amigo da criança.
(13) Criança adora gato.
Essa sentença também expressa a situação estativa de o gato ser amigo da criança. A sentença (13) também expressa uma situação estativa: a de que criança adora gato. Podemos dizer que o verbo ADORAR, em (13), é um verbo que tem valor predicativo, no sentido de que se determina três coisas: (i) o número de participantes envolvidos na situação que ele descreve; (ii) as características que esses participantes devem ter – se precisar ser [+/- humanos], [+/- animados], etc.; e (iii) o papel de cada um desses participantes desempenha no evento descrito. Diferentemente, o verbo SER, não exibe essa capacidade. Ele é um verbo puramente gramatical, no sentido de que sua função é a de simplesmente carregar as marcas de flexão de tempo, aspecto, modo e pessoa. Ele não tem valor predicativo. Se o verbo SER não tem valor predicativo, o que é que está funcionando como predicado na sentença (12)? É o nome AMIGO. Veja que é o termo AMIGO que requer pelo menos dois participantes. Dizemos, então, que AMIGO, na sentença em exame, é um predicado de dois lugares, que toma as expressões ESSE GATO e a CRIANÇA como seus argumentos. Portanto, nomes, em determinados contextos, também podem ser considerados predicados.
O mesmo também pode acontecer para outras classes de palavras, assim como as preposições. Dessa forma, vemos que nomes, tanto quanto verbos e preposições, também podem se comportar como predicados.
O que fizemos até aqui, então, foi observar a relação entre predicados e argumentos em funcionamento em uma língua natural, o português brasileiro. Concluímos que verbos, nomes, preposições, adjetivos e advérbios podem ser predicados e que, nesse caso, determinam o número de participantes da situação que expressam, as características que esses participantes devem ter e o papel que cada um deles desempenha na situação. É importante enfatizar que a noção de predicado de que faz uso a gramática tradicional. Para nós, todas as categorias lexicais – nomes, verbos, adjetivos, advérbios e também as preposições – podem ser consideradas predicados. Predicados são itens capazes de impor condições sobre os elementos que com eles compõem o constituinte do qual são núcleos. Argumentos, por outro lado, são os itens que satisfazem as exigências de combinação dos predicados.
Essas exigências são de dois tipos: semânticas e sintáticas. No que diz respeito às exigências semânticas, elas estão relacionadas aos papéis de PAPÉIS TEMÁTICOS. Um predicado atribui tantos papéis temáticos quantos forem os argumentos associados a ele. Papéis temáticos são, portanto, os papéis desempenhados por todo argumento de um predicado e atribuídos a esses argumentos de um predicado e atribuídos a esses argumentos pelo próprio predicado que os seleciona.
Verbos, em determinadas sentenças, como ARREBENTAR, podem se comportar como um predicado de dois lugares, atribuindo dois papéis temáticos a seus argumentos: o de AGENTE (o arrebentador), e o de PACIENTE (o objeto arrebentado). Tratando de verbos como QUEBRAR, TERMINAR, ABRIR e XEROCAR, sugerimos que fenômenos como esses apontam para a sistematicidade nas relações entre léxico e sintaxe, observada em vários conjuntos de fatos lingüísticos do português e de outras línguas. Uma possível análise para essas alternâncias é admitir que, no léxico, podem acontecer operações que afetam as propriedades dos predicados relativamente ao número de argumentos que eles podem tomar, e, consequentemente, ao tipo de papéis temáticos que eles podem atribuir.
Sendo assim, existem verbos que assumem mais de dois papéis temáticos. P.ex.: ABRIR (verbo iterativo) assume 3 papéis temáticos: (i) AGENTE(o que/quem abre), (ii) PACIENTE (o que/quem é aberto) e (iii) INSTRUMENTO (objeto com que se abre o que ou quem).
O mapeamento das informações semânticas contidas no léxico precisa se manifestar nas sentenças de modo explícito. A sintaxe fornece um esqueleto estrutural sobre o qual são projetados os itens lexicais que trazem para a sintaxe toda a informação semântica a eles associada.
Alguns verbos admitem o caráter de “NÚCLEOS”m uma vez que atraem dois argumentos. Assim, levanta-se a questão: Será que os dois argumentos de, p.ex., COMPRAR se juntam ao verbo simultaneamente? Evidências de várias ordens demonstram que não. Um dos argumentos, que chamamos de ARGUMENTO INTERNO, junta-se primeiramente ao verbo, ocupando uma posição que chamamos de COMPLEMENTO. O núcleo e seu complemento formam um sub-constituinte, ao qual se junta o segundo argumento, denominado ARGUMENTO EXTERNO. Chamamos a posição ocupada pelo argumento externo de ESPECIFICADOR.
Em resumo, o esqueleto estrutural que a sintaxe constrói tem por base as seguintes relações:
1. a relação que se estabelece entre o núcleo e seu complemento;
2. a relação que existe entre o sub-constituinte formado pelo núcleo + complemento e o especificador.
Note que, por essa análise, o que tradicionalmente se conhece por sujeito e objeto resulta de uma configuração estrutural ao invés de receber uma definição nocional. Desta forma, sujeito é o constituinte que ocupa aposição de especificador e objeto direto é o constituinte que ocupa a posição de complemento do verbo. Com isso, evita-se o uso de definições problemáticas como as que dizem que o sujeito é aquele que pratica a ação expressa pelo verbo.
Por razões de natureza sintática, em português, não podemos ter argumentos de um nome sem que eles sejam introduzidos por uma preposição. Portanto, ao argumento interno de DESTRUIÇÃO, p.ex., precisamos acrescentar a preposição DE, de modo a obter DOS NOVELOS, e seu argumento externo, acrescentamos a preposição POR, de modo a obter PELO GATO, originando o enunciado: “A DESTRUIÇÃO DOS NOVELOS PELO GATO”.
Uma última observação se faz necessária. As sentenças podem conter constituintes que não são previstos como exigências dos predicados no léxico. É isso o que acontece com o constituinte ONTEM, na sentença abaixo:
(14) O João comprou batatas ontem.
Onde é que podemos colocar constituintes como esses em nossa estrutura? Eles não ocupam nem a posição de complemento, nem a de especificador. Na verdade, eles ocupam outra posição na estrutura, a posição de ADJUNTO.
Note que ao incluirmos o adjunto na estrutura criamos uma projeção que repete o rótulo de sintagma verbal. Isso acontece porque adjuntos não formam um novo nível hierárquico. Essa é a grande diferença sintática que existe entre argumentos e adjuntos. Quando argumentos são mapeados na sintaxe, o núcleo projeta um novo nível hierárquico. Quando um adjunto entra na estrutura, isso não acontece, uma vez que ele é somente um outro segmento da mesma categoria.
Na sentença em exame, a presença do advérbio de tempo ONTEM não se deve uma exigência do verbo COMPRAR. Por isso, quando ele é mapeado na sintaxe, não há que se falar em uma nova projeção hierárquica. Antes, ele é mapeado como um constituinte que se aplica a uma projeção fechada do tipo SV, e a mantém com a mesma estruturação hierárquica que ela representava anteriormente. Essa é a razão pela qual dizemos que um adjunto é um segmento da categoria à qual ele se aplica.
5. CONCLUSÃO
A sintaxe é a área da Lingüística que estuda a estrutura das sentenças. Os princípios envolvidos na estruturação das sentenças de nossa língua são parte de nossa competência lingüística. Portanto, estudar a estrutura das sentenças envolve, como um primeiro passo, trazer à tona um conhecimento que qualquer falante da língua tem.
segunda-feira, 19 de outubro de 2009
Questões
1º. O programa de pesquisa gerativista assume como um dos seus pressupostos que a linguagem é uma capacidade inata dos seres humanos. Segundo os gerativistas, quais são evidências que sustentam esse pressuposto?
Segundo os gerativistas, existiria o PRESSUPOSTO DO INATISMO. Pressuposto que se embasa em três pilares:
A- Todos os humanos falam uma língua natural;
B- Todos os humanos possuem o mesmo grau de produção de fala.
C- Rapidez que a criança passa a dominar a gramática interna do seu sistema linguístico.
A partir disso entra-se no pressuposto proposto pelos gerativistas: a linguagem é uma realidade biológica, que se comprova pela evidência de doenças como AFASIA (doença advinda de lesões em regiões cerebrais responsáveis pela comunicação, interpretação, identificação e outros recursos que dependem diretamente da linguagem. Outro embasamento para isso seria que cada pessoa possui uma GRAMÁTICA UNIVERSAL interna, embasando-se nos universais linguísticos propostos e estudados por Chomsky (e trabalhados no último post).
2º. A linguagem humana, no entendimento de Noam Chomsky, baseia-se em uma propriedade elementar chamada propriedade da INFINITUDE DISCRETA. Explique o que vem a ser tal propriedade.
Segundo Chomsky, com um número limitado de elementos linguísticos é possível criar infinitas frases para transmitir o que precisamos. Mas isto não se limita ao nível frasal; pode ser extendido desde o nível fonético (com um número entre 30 e 60 fonemas qualquer língua consegue construir sequencias fonéticas e, posteriormente, palavras, frases…), morfológico, sintático… Assim, este é um forte argumento que só os seres humanos tem a faculdade da linguagem, cuja função foi descrita no enunciado acima e justifica a propriedade de INFINITUDE DISCRETA proposta e estudada por Chomsky.
As “escolas” – Gerativismo Chosmkyano
Noam Chomsky rompe o modo saussureano de como ver a lg, partindo de hipóteses e “testagem” dessas hipóteses, baseando-se sobre a DEDUÇÃO.
Inicia seus estudos durante o sé. XX com seu livro “Syntatic Structures”. Ele propõe um “novo paradigma da ciência lgg” (PASCAL, Marcelo. “Convulsões metodológicas nas Ciências da Linguagem”)
Seu programa de pesquisa possui uma HEURÍSTICA POSITIVA (ou seja, a expansão para outros campos do conhecimento), que rebaterá a postura analítica dos estruturalistas. Essa teoria possui alguns princípios:
1º. O HOMEM JÁ NASCE COM A CAPACIDADE DA LINGUAGEM, que será transmitida geneticamente, preocupando-se com o “sistema materno”, uma vez que o aprendizado de língau estrangeira é adquirido. Isso permite falar que a criança pode falar coisas/frases que nunca ouviu.
Ele critica que a lg não é um corpus, reduzindo-se às amostras e não se restringe a um conjunto de frases, mas se constitui num saber a propósito dessas frases. Assim, o homem teria o CONHECIMENTO sobre a lg e não produção de frases, como pregavam os behevioristas. Isso possibilita o falante de distinguir frases entre GRAMATICAL e AGRAMATICAL.
2º. Chomsky argumenta que a gramática de uma língua se constitui num conjunto de regras, cuja aplicações mecânicas produzem frases admissíveis da lg. Isto sempre baseando-se em hipóteses, atrelado a uma sequência lógica, assim como nas fases de aquisição de fala e/ou excrita.
A partir desas teorias, nasce a GRAMÁTICA GERATIVA, que a partir de um conjunto de regras pensa-se em frases que nunca foram ditas. Assim, um pesquisador gerativista não precisa ir a campo para coletar dados, uma vez que ele mesmo pode ser o próprio “poço de análise”.
3º. Ele ainda propõe que existam, em todas as lgs, UNIVERSAIS LGGS:
3.1: Todas as lgs possuem numerais;
3.2: Todas as lgs possuem sons vocálicos e consonantais;
3.3: Todas as lgs possuem sujeitos e predicados;
3.4: Todas as lgs possuem capacidade de recursividade (ou seja, a partir de uma frase simples, pode-se torná-la complexa, e vice-versa);
3.5: Todas as lgs possuem formam suas formas negativas com acréscimos de um elemento que represente essa negatividade;
3.6: Dentre outros.
Dica: Accesse o link para conhecer outros universais lggs propostos por Chomsky e os que foram apresentados com maior aprofundamento. Clique aqui.
sábado, 17 de outubro de 2009
As “escolas” – Estruturalismo II
São estabelecidos CÍRCULOS Linguísticos que se estabelecerão uma visada FUNCIONALISTA, mas embasando-se nas teorias estruturalistas
Cada Círculo Linguístico (CLP) tinha como foco estudar desde questões fonológicas até questões pragmática-discursiva.
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O ESTRUTURALISMO AMERICANO organiza-se a partir de uma estrutura, pensando num elemento/signo do sistema com as relações com outros elementos/signos dentro do sist.
Diferente da Lgg comparatista que analisava as mudanças dos elementos isoladamente (p.ex. estudar como “vossa merecedência” passou a ser “cê” nos dias atuais). Outro ponto que o Estruturalismo americano propõe é a AUTONOMIA do sistema: a língua se explica dentro dela e por ela, garantindo sua existência e sustentação, que pode variar de um sistema lgg para outro.
Isso faz que se diferencie do FUNCIONALISMO (a autonomia da língua), uma vez que este prega que a língua se explica pelo USO e não mais pelo SISTEMA, como p.ex. um DESLISAMENTO FUNCIONAL de um elemento do sistema, ou seja, como um elemento do sistema ganha outra funcionalidade dentro do sistema.
Os estruturalistas americanos partem do BEHEVIORISMO, “movimento” que defende que o sujeito nasce como uma tábula rasa e no CONTATO com as pessoas que se forma o conhecimento – a “tábula deixa de ser tão rasa”.
Desta forma, o Estr. americano parte da ideia que para descrever a língua seria necessário partir diretamente da FALA, ou seja, uma amostra que seja representativa o suficiente tornando um exemplo num dado representativo e real da lg. Desta forma, o beheviorista sempre parte de um CORPUS, uma amostra da fala que seja represetativa.
P. ex., numa análise pode-se concluir que existe uma regularidade na língua e, a partir daí, pode-se expandir estas conclusões e expandílas para objetivos maiores, colocando à prova o MÉTODO INDUTIVO DA OBSERVAÇÃO.
Logo, para os estruturalistas as línguas (idiomas) se organizam em todos os seus aspectos estruturais (fonéticos, morfológicos e sintáticos) de uma maneira regular e reiterável.
Assim, o trabalho do linguista distribucionalista é descrever o funcionalismo dessa organização. P.ex.:
Ou seja, decompor unidades maiores em categorias que pode ser categorial, sintagmático, fonético…
Desta forma, após as decomposições, analisa-se as relações dentro do sistema e suas “funções elementares”.
DICA: Acesse este link para conhecer um pouco mais sobre o ESTRUTURALISMO AMERICANO. Clique aqui.
As “escolas” - Saussurianismo
Segundo alguns autores, existiram 3 Saussures:
1º o Saussure dos anagramas: não despreza a história; é possível perceber o sujeito agindo com e na linguagem.
2º do CLG e 3º dos manuscritos: o sujeito é “deixado de lado” e desconsidera a história.
O que une/relaciona estes 3 é o fato de estudar o SIGNO de forma parecida e deixa de lado os referentes (a noção de exterioridade = mundo).
Os estudos de Saussure matem uma relação entre a linguagem, a história (sociedade) e os sujeitos. Ao considerar que Saussure deixa isso de lado, sem considerar o período em que a ciência é proposta, é ser igênuo e ignorante perante a teoria do POSITIVISMO: sistematizar de forma objetiva o conhecimento. Ao fazer isso, Saussure adequa seus estudos à época: SUBJETIVIDADE E OBJETIVIDADE.
No POSITIVISMO e xiste um afastamento total entre o sujeito e o objeto; assim, quando Saussure afasta o sujeito, aproximando-o da subjetividade, procura obscureer o sujeito, qdequando-o à teoria vigente e maquiando o SUJEITO.
Mas existe um questionamento atual, uma vez que o sistema atual repele a teoria positivista: quando Saussure propõe suas teorias, ele procura estabelecer uma ciência que fosse capaz de estudar todos os SIGNOS (Semiologia). Ele se dedicava uma pequena parte para estudar a linguagem verbal ( LINGUÍSTICA).
Ele também procurou delimitar o OBJETO, para estabelecer a LGG como ciência, embasando-se sobre 2 grandes sistemas: LG e FALA. Contudo exclui a fala de suas análises, uma vez que para estudá-la deveria considerar a subjetividade, singularidade do sujeito; logo, possui uma sistematicidade diferente da LANGUE (língua).
É equivocado pensar que na PAROLE (fala) não existe uma regularidade (sistematicidade, mesmo que para alguns teóricos estas regularidades/ recorrências sejam erros). Para um elemento ser aceito pelo sistema deve ser considerado os elementos internos e externos da lg.
O objeto lg pode ser analisado sob duas formas: DIACRÔNICAMENTE (considerar a historicidade dos fenômenos lggs) e SINCRÔNICAMENTE (pensar a lg como um momento atual). Saussure considera este e não aquele, uma vez que é o que faz com que haja atualização da Langue, pois “fotografa-se” o momento histórico atual da lg, portanto não seria necessário estudar “evoluções” históricas sobre a lg.
[—>Em comparação, Backtin coloca a história como algo que existe EMBATE ENTRE CLASSES SOCIAIS, enquanto que Saussure coloca a história como temporal, sentido CRONOLÓGICO.<--]
Segundo Saussure, a língua se organizaria em dois eixos: PARADIGMÁTICO (eixo das possibilidades) e SINTAGMÁTICO (eixo das realizações). Porém, existe uma ordem dentro da langue (regularidade) para que haja a eleição de um termo adequado para que haja um melhor enquadramento fonético ou até composição dos sentidos. Assim, para Saussure, a língua é FORMA e não SUBSTÂNCIA, como propõe alguns teóricos.
DICA: Acesse este link para conhecer um pouco mais sobre a obra de Saussure e sua contextualização. Clique aqui. Neste link também será possivel analisar mais um pouco de suas dicotomias propostas.
sexta-feira, 11 de setembro de 2009
Estruturalismo
quinta-feira, 10 de setembro de 2009
Perspectiva sobre Chomsky
domingo, 30 de agosto de 2009
Pressuposto de Análise
Pressuposto de Análise: eleger o objeto de pesquisa e um instrumento para isso, além de um método para a pesquisa. Para isso usa-se a metalggm variando de acordo com as áreas de pesquisa.
Para a Lgg, seu objeto de estudo é a lggm, mas cabe decidir como olhar para este objeto, pois “ o ponto de vista cria o objeto” (SAUSSURE). Desta forma, variando da área em análise criam-se objetos teóricos diferentes, uma vez que são usadas ferramentas diferentes (caminhos diferentes) para esta “criação”. Embora todos que estudem uma determinada área olharem para um mesmo objeto observacional. Logo, de forma resumida, pode dizer: o objeto teórico é estabelecido diante das subáreas de uma determinada área que analisa um objeto teórico.
A criação de um objeto teórico é “posta” (colocada; criada) a partir de como observar o objeto, ou seja, escolher a “lente” para enxergar o objeto. Enquanto que o objeto observacional é o objeto a ser analisado, que só é criado de “2” para “1”.
Por exemplo: analisar um texto “X” e observá-lo com uma teoria “A” ou “B”.
Embasado na teoria de “POLIFONIA” proposta por Mikhail Bakhtin, Ducrot analisa profundamente a teoria de objetos teóricos e observacionais. Cada vez que muda-se a teoria cria-se um objeto diferente.
Texto base: NETO, José Borges. “De que trata a linguística afinal?”. Ensaios de Filosofia da Linguística.